Todo ano no dia 15 de outubro é comemorado o dia do professor. Uma data bastante festejada principalmente nas unidades de ensino, onde alunos e diretores fazem festa e dão salvas a uma das funções mais nobres e importantes da humanidade. Mas será que temos tantos motivos assim pra fazer toda essa festa pra esse camarada? Será realmente que esses profissionais têm toda essa alegria pela passagem de seu dia?
Vivemos em época de violência, em época de inversão de valores, em época de desvalorização do que é bom, em detrimento do que é visivelmente negativo.
Em tempos de ditadura militar no Brasil, se instituiu nas escolas de todo país a disciplina intitulada Educação moral e cívica, onde os alunos aprendiam valores morais em um período que a idéia que vigorava era a valorização da pátria, de reforço de valores morais confrontados com o temor do comunismo russo.
Pois bem, saudosismos a parte e partindo para análise mais prática de como era o ser professor nessa época, vemos um profissional extremamente valorizado, um profissional que guardava em si todas as capacidades de levar um indivíduo ao conhecimento. Era um período que a crença em uma sociedade melhor centrava-se na figura do professor, havia respeito e acima de tudo respaldo da família e da escola pra o trabalho escolar. Não existia bulling, não existia medo do professor em proferir palavras que pudessem “traumatizar” seus alunos ou fazer com que eles fossem levados a atirar no mestre. Meninos estudavam com meninos e meninas com meninas, as escolas públicas eram exemplo de qualidade de ensino e qualidade, havia ainda castigos para os que desobedecessem as ordens e havia um acompanhamento mais direto do verdadeiro aprendizado. Havia tudo isso na escola, mas acima de tudo algo que imperava era que nesse cenário “repressor” era que os que passavam pelas escolas saiam de lá sabendo alguma coisa. Ler, escrever, fazer contas, pensar como um cidadão era a maior responsabilidade da escola.
Hoje o professor é visto como o grande calcanhar de Aquiles da educação em nosso país (que se encontra na UTI) o camarada que é o ponto central da pouca qualidade do ensino, principalmente nas repartições públicas.
Imagine a situação hipotética. Você é um professor, trabalha em uma escola 40 horas semanais, em outras trabalha 20. Imagine que em cada escola você tenha uma média de 50 alunos por turma. Imagine que pra trabalhar muitas vezes você precisa comprar seu próprio material, imagine que você receba muito menos que deveria por sua tão nobre e tão necessária. Imagine que dentro do se trabalho você é muitas vezes obrigado a trabalhar ao lado de atividades ilícitas (consumo e venda de drogas) que fazem com que você precisa disputar a atenção de seus alunos com um “baseado” ou uma pedra de crack. Imagine que você viu na televisão que um aluno em um lugar distante levou pra escola uma arma, atirou na sua professora e depois se matou, porque essa professora disse a ele uma palavra que ele não gostou. Agora imagine se tudo isso fosse realidade em um único país, em um único estado, em uma única escola. Que bom que isso só existe em nossa imaginação. Que bom que vivemos em um estado rico, valoriza os professores, vivemos em uma sociedade onde esse profissional ainda é o centro do processo educacional.
Que bom seria que isso tudo fosse verdade, eu bom seria que essa realidade fosse encontrada em nosso estado alagoano, que bom seria que no Brasil a educação fosse tratada com o respeito que lhe é merecido.
Bom mesmo é saber que ainda existe esperança, ainda existem alunos que pra sair da sala lhe pedem licença, que no meio da aula param e dizem no jeito jovem e simples: Professor você é o cara. Que existem pais que chegam à escola e dão uma bronca no seu filho por aquela nota vermelha, ou pela falta de respeito.
Dia 15 de outubro passado foi dia de comemorar, dia de agradecer por fazer parte de uma classe que apesar dos percalços do caminho fazem a diferença na construção da nação como um lugar que se pode ter esperança de dias melhores. Feliz dia do professor a todos esses grandes heróis graduados, a todos esses seres que tem nas mãos a preciosa tarefa de “ENSINAR”.